CÂMARA MUNICIPAL
Vereador quer proibir propaganda de bets nos espaços e eventos públicos de Goiânia
Texto veda publicidade, patrocínio, promoção e a associação a agentes operadores de apostas virtuais e jogos de azar on-line
Vereador do PT, Fabrício Rosa, é o autor da iniciativa | Foto: Reprodução
O vereador Fabrício Rosa (PT) apresentou à Câmara Municipal de Goiânia um projeto de lei que proíbe, em bens e equipamentos públicos do município, qualquer forma de publicidade, patrocínio, promoção ou associação institucional com as chamadas bets. A proposta também veda jogos de azar online, além de conteúdos relacionados a apostas vinculadas aos resultados de processos eleitorais.
Segundo o parlamentar, o projeto adapta para o contexto de Goiânia iniciativas que vêm sendo discutidas em outras capitais, como Belo Horizonte. O objetivo é enfrentar os impactos dessas plataformas na saúde pública. Mas não só. O vereador chama atenção para os impactos relacionados à proteção social, defesa do consumidor, e também em áreas com maior vulnerabilidade econômica e informacional.
“O texto proíbe que espaços públicos, bem como eventos, campanhas e programas apoiados, patrocinados ou realizados pelo Município, sejam utilizados como vitrine institucional para a promoção de casas de apostas virtuais e jogos de azar on-line”, explica Fabrício Rosa.
Segundo o vereador, o projeto de lei impede, ainda, que se estabeleçam patrocínios, naming rights, ou parcerias que associem a identidade de Goiânia e de seus equipamentos públicos a essas plataformas e proíbe a publicidade de apostas vinculadas a resultados eleitorais como medida de proteção da integridade democrática e de prevenção a conflitos entre interesses econômicos e o processo eleitoral.
Justificativa
Levantamento técnico do Banco Central do Brasil indica que o mercado de jogos de azar e apostas on-line movimenta no País bilhões de reais ao ano, com participação expressiva de pessoas de baixa renda e uso recorrente de meios eletrônicos de pagamento.
“O estudo demonstra a elevada penetração das apostas entre grupos socioeconômicos mais vulneráveis, inclusive beneficiários de programas de transferência de renda, revelando urn desvio significativo de recursos que deveriam assegurar alimentação, moradia, transporte, educação e serviços essenciais, ampliando o risco de endividamento e insegurança econômica familiar”, alerta Fabrício Rosa.
A análise da PwC Strategy& (“O impacto das apostas esportivas no consumo”, 2024) reforça esse cenário ao apontar que, nas classes C, D e E, as apostas esportivas já consomem parcela importante do orçamento doméstico, o que compromete o pagamento de despesas básicas e afeta o varejo e a economia local.
De acordo com o vereador, os dados sugerem “uma transferência relevante de renda para plataformas de apostas, muitas vezes sediadas fora do território municipal, com baixa contrapartida social e elevado potencial de dano econômico para famílias já pressionadas pelo custo de vida”.