
SOBRETAXA
Trump assina tarifaço ao Brasil para 6 de agosto, mas deixa quase 700 itens de fora
Medida era prevista para todos os produtos brasileiros, com aplicação a partir de 1º de agosto

Entre as exceções estão sucos de laranja, tipos diversos de celulose, aeronaves civis e mais | Foto: Pixabay
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros na quarta-feira (30), mas deixou quase 700 itens de fora. Entre as exceções estão sucos de laranja, tipos diversos de celulose, aeronaves civis e suas peças e componentes, carvão, aço e seus subprodutos, além de petróleo e castanhas.
Antes, a medida era prevista para todos os produtos brasileiros, com aplicação a partir de 1º de agosto. Nos bastidores, fontes políticas acreditam que ainda existe tempo para outras exceções, como o café.
O governo federal atual para capitalizar o recuo como vitória. Em nota, o Planalto disse que "segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação. Nossa economia está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais".
Vale lembrar que Trump, ao anunciar que faria o tarifaço, em 9 de julho, exigiu que cessasse o que chamou de "caça às bruxas" ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por liderar uma trama golpista para mantê-lo no poder.
Veja os principais produtos que ficaram de fora da lista:
- Castanhas-do-brasil com casca, frescas ou secas;
- Polpa e sucos de laranja;
- Petróleo;
- Aviões e diversos artigos de uso aeronáutico, como pneus, motores, peças e turbinas;
- Mica bruta;
- Minério de ferro, aglomerado e não aglomerado;
- Minério de estanho e concentrados;
- Diversos tipos de carvão, linhito, turfa, coque, gás de carvão e outros derivados minerais;
- Gases naturais, propano, butano, etileno, propileno, butileno, butadieno;
- Matérias-primas de alumínio, silício, óxido de alumínio, potassa cáustica;
- Diversos produtos químicos, fertilizantes, cera, resíduos petrolíferos
- Madeira, cortiça aglomerada, polpa química de madeira, polpa de algodão, polpa de fibras vegetais, celulose;
- Prata e ouro, na forma de lingote ou dore;
- Ferro-gusa, ligas de ferro, ferronióbio, e outros produtos primários de ferro e aço;
- Linhas, tubos e conexões de uso industrial, vários tipos de metais, borracha e plásticos para aviação civil;
- Insumos para papel, papelão, celulose, artefatos de papel/papelão;
- Alguns tipos de pedras, fibras, crocidolita, amianto, misturas de fricção;
- Fertilizantes minerais e químicos de diversos tipos.
A lista completa de produtos isentos, em inglês, está no decreto assinado por Trump.
Nota do Planalto na íntegra:
"O é um país soberano e democrático, que respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes. Um país que defende o multilateralismo e a convivência harmoniosa entre as Nações, o que tem garantido a força da nossa economia e a autonomia da nossa política externa.
É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira.
O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses.
Um dos fundamentos da democracia e do respeito aos direitos humanos no Brasil é a independência do Poder Judiciário e qualquer tentativa de enfraquecê-lo constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia.
No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas digitais.
A sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a democracia.
O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras. O Brasil tem acumulado nas últimas décadas um significativo déficit comercial em bens e serviços com os Estados Unidos. A motivação política das medidas contra o Brasil atenta contra a soberania nacional e a própria relação histórica entre os dois países.
O Brasil segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação. Nossa economia está cada vez mais integrada aos principais mercados e parceiros internacionais.
Já iniciamos a avaliação dos impactos das medidas e a elaboração das ações para apoiar e proteger os trabalhadores, as empresas e as famílias brasileiras."
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
